O processo criativo

Afluente ou tributário são os rios e cursos de água menores que desaguam em rios principais. O intuito de fazer uma analogia entre o percurso dos rios menores em direção ao principal tem como objetivo mostrar que o processo criativo não só procede de unidades menores que vão fazendo sentido à medida que percorrem distâncias, como são feitos de lodo e vestígios de outras coisas depositadas.

Poluição ou não esses dejetos revelam novas situações. A metáfora do rio dá uma pista do tamanho de história que incorporamos. Se estetizamos a arte ou se ela é uma abertura ímpar para compreender o nosso tempo, tudo isso é matéria do nosso lago-blog, que ora deixa raso o entendimento ora aprofunda: superfície da imagem, profundidade metafísica, meio-termo das fofocas do circuito.

Tudo se adensa nessa água barrenta para uns, cristalina para outros, quase redundante na composição criativa dos textos ao longo desse ano. São recorrentes as preocupações que partem dos cursos menores, outras se reportam às enchentes do rio principal e assim são inúmeros trajetos percorridos.

​Procuro interpretar de onde cada ator social fala e quais os repertórios que os alicerçam como forma de reconstituir os trechos percorridos numa canoa imaginária. Nem sempre o mais interessante é chegar, vamos indo e percebendo como as coisas vão se dando…

​Tem barco que sai do idealismo alemão e parece nunca ter havia nada antes, inclusive houve épocas nas quais os artistas endossaram a ideia de gênio criador, inventada pelos idealistas alemães. Tem barco que empaca na teoria crítica (quase todos!) e tem barco já furado porque tudo é ruína. Ele não saiu e nem pode porque não se constitui como algo.

Os rebatimentos na natureza, nas ciências naturais e em outras discussões são retidas nas margens da história. Tudo isso é significativo para a criação, guardada a datação e os emaranhados que produzem.

ALINE REIS | 21 dezembro 2021