Proximidade e “distâncias”

​Recentemente inventarei as várias discussões sobre as imagens: teoria da imagem, regime de fruição do espectador conectado nas redes, a hipótese da incorporação do termo imagem às anteriores “obra de arte” e finalmente,“trabalho de arte” entre outras questões a serem tratadas numa aula. A pesquisa me levou a perspectivar a proximidade e as várias distâncias que vão se impondo ao espectador no ritmo avassalador com o qual eles vão sendo“apanhados” nos espaços de arte ou fora dele.

Cris Burden

​Se muitas são as sedimentações estéticas que a tradição nos legou pelafilosofia, além disso incide sobre a imagem o uso feito pelos meios de comunicação de massa no século XX, portanto a diversidade com a qual o objeto é visto deixa muitas questões a serem respondidas: a leitura da imagem deve ser feita pela fundamentação teórica? Num mundo visual na qual a arte incide diretamente na educação, o ensino das artes cumpre seu papel político capaz de propiciar transformações sociais diante das significações visuais presentes na contemporaneidade? O correlato proposto por Bourdieu entre o nível de instrução escolar de um agente ou grupo social e suas possibilidades de acesso às obras artísticas ou às práticas cultas é diretamente proporcional?O quanto de Capital incorporado faz com que haja sucesso nas inclusões sociais dos indivíduos numa sociedade?

Ana Medieta

​Vejam que tais questões respingam na política educacional e nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte, não é à toa que as discussões tratadas por Ana Mae Barbosa foram incorporadas na lei e no campo da Arte e Educação entrelaçam currículo e atividade política. As imagens são consideradas objetos artísticos que participam “como produção cultural, documento do imaginário humano, de sua
historicidade e de sua diversidade”.

Como muitas vezes incorporamos imagens como paisagens, acostumamos a lê-las nos grids da literatura: “A paisagem tem ideias e nos fazpensar.” (Balzac)

ALINE REIS | 24 maio 2022