
Arte Contemporânea
Qual é o borogodó da Arte Contemporânea? O fascínio que ela exerce naqueles que a conhecem? – Quão difícil é fazê-la! O autor dessa frase é o nosso oraculoso K.(Anselm Kiefer). Há os que tem medo dela, os que dizem ser leigos e se ancoram no texto curatorial para estabelecer as pontes necessárias à fruição porque compreendemque há algo de racional nela.
Pesada, densa, produz tensão, ela é uma força que achata o mundo dos objetos mobiliares e suspende tudo, como os enxadas do artista Marcelo Monteiro, em “Sobre Prumos?”, no Paço Imperial. Os instrumentos fornecem direção, perfuram o imaginário, dão prumo às inquietantes ideias dos artistas que estão 24 por 7 ligados nela. Se há tortura ou leveza ou ambas, sincronamente, são etapas a serem pensadas.

Os vários diálogos que são postos em jogo na exposição apontam sempre para uma presença física ligada à política, ao território desigual experimentado pelas massas que mobilizam todo tipo de encaixe. Instrumentos pacificamente depositados num horizonte museal, icônicas forças nas várias violências urbanas e rurais, que demarcam nossa geografia.
Pensei o quanto seria difícil encontrar outra sala depois de ver a disposição desses trabalhos no espaço! E contrariamente ao meu êxtase, lembrei dos espectadores temerosos e do filme “Quem tem medo da Arte Contemporânea?” produzido pela Fundação Joaquim Nabuco, com comentários do curador Fernando Cocchiarale. Na internet está no endereço eletrônico: https://vimeo.com/184433528 Vale muita a pena ver! A direção é de Isabela Cribari e Cecília Araújo e o ano de produção é 2008.

De lá para cá, o multiculturalismo pavimentou a estrada do pensamento Decolonial. O circuito se firmou, mais acadêmico, mais discursivo. O aprendizado que vem do engajamento da velocidade da técnica se fez mais especializado, mais autorreferencial, e as múltiplas apreensões na recepção dos trabalhos de arte apontarampara uma poética mais crítica dos posicionamentos conservadores da sociedade brasileira.
ALINE REIS | 11 julho 2023

