Mosaico de instantes

​Qualquer título que eu possa dar ao novo texto do blog é fruto de muitos anos de leitura, de me meter em todos os cursos de filosofia, de arte e em vários outros campos. Esse colecionismo vem de longa data. Aliás não é nada original, muitos artistas anotam em seus cadernos frases (e palavras) boas a serem colocadas nos textos curatoriais e nos títulos das exposições.

Já falei aqui da dificuldade dos títulos! Não me repetirei. Um dado do contemporâneo é justamente estar sempre andando em círculos e eu não tenho dúvida que é bem o espírito da época, daí a horda de cursos feitos para sair dos mesmos lugares e pegadas, escutar nossas interpretações, chaves que possam abrir novos caminhos.

​Tudo é viciado. O mosaico configura novos arranjos. Instantes fugidios de prazer que entrelaçam dois mundos: arte e filosofia, filosofia e arte ou um terceiro elemento que pintar nesse amoroso enlace. Recentemente estou montando um curso sobre a leitura do livro Arte como Experiência de John Dewey, acho que por isso o título me pareceu ser um bom começo.

Como num caleidoscópio preciso movimentar o Power point em muitas direções para fazer surgir nas várias visadas não só a história da arte e do pragmatismo, mas a atualidade do texto de 1934 hoje. Se a metralhadora ambulante gira Kaprow, empirismo, arte – educação, “indústria epistemológica”, entre outros, o mais acertado seria mesmo surfar para mais distante, reconhecendo o que os artistas contemporâneos fazem com todo esse arsenal conceitual em suas batutas.

O meu corpo já seco das delimitações previamente feitas, é preparado para fazer mapear outro horizonte para além do historicismo e das soluções fáceis. A linguagem longe de ser apenas um instrumento, é campo de interação, modo de compreender e refazer caminhos já percorridos. O intuito não é diletante. Construir é o verbo em questão.

ALINE REIS | 10 janeiro 2023

(FOTOS: Allan Kaprow e Lenora de Barros)