
Pistas, a sombra da sombra, a ausência
Muitos são os artistas contemporâneos que perseguem o invisível, o inefável, o nada. Apagar os rastros num quase-nada por muito tempo se constitui numa visualidade potente. Ainda temos tais expectativas numa certa tradição que remonta à história da arte ocidental.
Aqui tenho como preocupação me manter sob a linha da teia da teoria (imagem dada por Donna Haraway em seu último livro¹) e não viver somente nela. Ela seria como uma pista, uma sombra da sombra, uma ausência presente que embaralharia os conceitos já pré-compreendidos e ainda preexistentes numa tradição que não se apaga só porque a mudança de paradigma foi efetuada.
Ficar no limite das coisas ainda parece ser o mais vantajoso, mais do que permanecer como os estetas que tem uma visão vaga da continuidade da arte ou mesmo num outra margem em um reforço político de manter a arte numa esteira de “resistência”, “lutando”, “desvelando” classes, gêneros e em políticas partidárias de enfrentamento.

A própria história da arte legitima artistas por seu vínculo político. Isso foi e ainda é feito pelos curadores e críticos. Nada podemos dissociar da pesquisa em arte contemporânea que negligencie todos esses aspectos que vão aparecendo…
A potência do artista tem sido tensionada e vemos repetitivamente trabalhos de arte que reproduzem as mesmas experimentações ou trabalhos já anteriormente feitos como se ainda não tivessem sido. Eterno retorno da mesmice e da ausência de crítica?Seriam os automatismos tecno-plásticos-linguísticos-políticos (Bifo por Basbaum) a origem do mergulho do artista nas mesmas searas de produção? Estaria o caldo cultural induzido pela esfera comunicacional e tecnológica globalizante ao eterno retorno dos algoritmos?
O caminho passaria por abrir as várias abas do Windows para colocar num infinito de associações um futuro que nos aponte algo?
ALINE REIS | 23 novembro 2021

