NELSON FELIX | …em pauta e ENTREVISTA

ESQUIZOFRENIA DA FORMA E DO ÊXTASE – DESENHOS’
NELSON FELIX

A mostra ocupou o hall e o salão da Galeria em 2018 e reuniu quatro conjuntos de desenhos e uma escultura que refletem as ações do quarto trabalho da série “Método Poético para Descontrole de Localidade”, iniciada pelo artista em 1984.

Galeria Reocupa, localizada dentro da Ocupação 9 de Julho, em São Paulo, seguida de uma fala de Nelson, uma mostra de mesmo nome que registra o ato realizado pelo artista naquele prédio ao longo das primeiras semanas de outubro 2018. Ele expôs na Galeria Millan toda a série de desenhos feitos para os três locais de São Paulo escolhidos para a realização deste trabalho: o Pavilhão da Bienal (Nelson é um dos artistas com projeto individual na 33a Bienal de São Paulo – Afinidades Afetivas), a Galeria Reocupa – Ocupação 9 de Julho e, finalmente, a Galeria Millan.

“A escala deste trabalho é composta de três momentos: o primeiro, uma ação em dois pontos da América e, por isso, continental; depois, uma peça sintética colocada em um espaço externo na cidade de São Paulo; e, por último, como efeito de tudo isso, em espaço interno, a série de esculturas realizadas para o prédio da Bienal.

Minha percepção de espaço expositivo se caracteriza por um emaranhado de questões, muitas vezes díspares, esquizofrênicas até. O que tenho como espaço, hoje, engloba a poesia e o desenho. Nesse sentido, uso esculturas, objetos, fotografias, ações, coordenadas geográficas, ou mesmo deslocamentos, para construir uma ideia de espaço que, muitas vezes, não recorre só ao local imediato da obra instalada, mas também ao próprio espaço global. Sua natureza não é puramente concreta; sua base é poética. Sua referência não se baseia unicamente na dimensão métrica. Está carregada de percepções, significados, história, sentimentos, desejos, memórias. Um esforço se faz necessário por parte do observador. A obra requer tempo para que você possa tatear e começar a ver sua estrutura.

Neste trabalho, fui a dois lugares na América: Anchorage, no Alasca, e Ushuaia, na Argentina, “o início e o fim” de duas cordilheiras que considero uma: a soma das Montanhas Rochosas e dos Andes. Eu as vejo, poeticamente, como uma coluna vertebral do globo terrestre. Nesse exagero de elementos articulados nasce uma noção de paisagem, uma noção de espaço em que se mesclam espaço natural, operações poéticas e espaço construído”, relata o artista.

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Entrevista de Nelson Felix a Arte&Ensaios – com participação de Aline Mielli, Ana Tereza Prado, Elisa de Magalhães, Ivair Reinaldim, Ronald Duarte e Wilton Montenegro – no ateliê do artista, em Muri, município de Nova Friburgo, Rio de Janeiro, em 5 de agosto de 2017.

Conversa com Nelson Felix

  • Nelson Felix
  • Lucas CostaUniversidade Estadual Paulista J. M. Filho. Instituto de Artes

https://doi.org/10.11606/issn.2178-0447.ars.2014.96742

RESUMO

Entrevista realizada com o artista carioca Nelson Felix (1954), para a pesquisa de mestrado de Lucas Costa, sobre processos instáveis em arte. Nesta conversa, o artista comenta os elementos que constituem uma certa tensão em seu trabalho e da dificuldade em definir essas sensações, que são disparadas no processo criativo e inseridas no trabalho de maneira intrincada. Neste contexto, Nelson Felix se aproxima de uma tradição artística, justamente para refletir sobre a produção contemporânea e sua própria atuação no circuito. No sentido amplo, a conversa gira em torno da atividade artística, sobre a potência de um pensamento cultural.

BIOGRAFIA 
Nelson Felix
Nelson Felix (Rio de Janeiro, 1952) é escultor, desenhista e professor. Iniciou seus estudos de pintura com Ivan Serpa, em 1971, e se formou em arquitetura, em 1977. Dedicou-se inicialmente ao desenho, e, posteriormente, à escultura. Em 1989, recebeu bolsa do Ministério da Cultura da França, por exposição ocorrida na Galeria Charles Sablon, em Paris. Recebeu, em 1991, a bolsa Vitae de Artes Plásticas. A partir da década de 1990, realiza esculturas de mármore com base em órgãos ou aspectos do corpo humano. Em 1994, foi artista residente na Curtin University (Perth, Austrália) e no Karratha College (Karratha, Austrália). No mesmo período, idealizou as Mesas, esculturas em granito nas quais faz referências às interações entre a natureza e os objetos culturais. Ao retornar ao Brasil, realizou, em 1995, com Luiz Felipe Sá, o vídeo O Oco, sobre sua produção artística. Sua obra é analisada nas publicações Nelson Felix, com texto de Rodrigo Naves (Cosac & Naify, 1998); Nelson Felix, com textos de Glória Ferreira, Nelson Brissac e Sônia Salzstein (Casa da Palavra, 2001); Trilogias: Conversas entre Nelson Felix e Glória Ferreira (Pinakotheke, 2005); e Concerto para Encanto e Anel, com textos de Ronaldo Brito e Marisa Flórido Cesar (Editora Casa 11, 2011).

Lucas Costa, Universidade Estadual Paulista J. M. Filho. Instituto de Artes
Lucas Costa (Campinas, 1989) é artista e mestrando em Processos e Procedimentos Artísticos, no PPG em Artes do IA/UNESP, com bolsa CAPES-DS, sob orientação do Prof. Dr. Agnus Valente. Participa do Grupo de Pesquisa Poéticas Hibridas, coordenado pelos Prof. Dr. Wagner Cintra e Prof. Dr. Agnus Valente - IA/UNESP.