Hipóteses
Sim, a arte vive de hipóteses aparentada das ciências nas últimas décadas… Insisto nesse ponto para mostrar como as coisas vão se constituindo.
Uma mesma visualidade pode ser apontada, mas depende daquele que a aponta e para qual semântica assegurará tal interpretação.

Por isso, artistas novos no caminhar da arte contemporânea não só “aprendem” as regras do jogo nos cursos de arte, embora não sejam nunca informados que o lugar de fala é très important para que um trabalho de arte se constitua.
Recentemente vi um exemplo para ilustrar. Havia “tentado” montar uma performance na qual vestia uma mochila daquelas pessoas que anunciam como outdoors ambulantes a compra do ouro. O dizer da camiseta e possivelmente da mochila apresentaria “os conselhos” filosóficos como ouro para compreensão da arte.
A performance não foi feita. Parecia carecer de legitimidade. A mesma placa aparece no lado de fora de uma grande galeria de São Paulo apresentando um artista tratando da questão indígena. Aí o sentido e a própria imagem “pulam” antes mesmo que o trabalho entre no espaço expositivo.
O mundo no seu aspecto histórico não some quando o artista o faz. Não é possível se abster de estar ciente de que ele exista. Sociologia e Economia são necessárias ao entendimento tanto quanto a Antropologia visual é capaz de demarcar a visualidade contemporânea.
Nesse contexto, “ser burro como um pintor” não exime nenhuma justificativa. Duchamp sabia exatamente o que estava dizendo…
ALINE REIS | 17 agosto 2021

