Texcido

Tudo parece alimentar o desejo de constituir uma urditura na trama de algo que possa a vir a ser um trabalho de arte. Godard sempre me pareceu muito familiar com uma “narrativa” de colagens:

É preciso que o texto e a palavra venham também da imagem. Se a palavra não vem da imagem, ou não a toma por referência, ela é sobre a imagem ou sobre qualquer coisa. Ela é texto sobre texto. Falta algo”.

Muitos são os entorces que podem ocorrer quando as palavras estão em jogo. Venho me interessando pelos mais diferentes desdobramentos que alcançam uma obra, mesmo quando não estão lá no trabalho, o simples “ver” nomeando-as “traz para frente” a compreensão expulsando da boca uma simples palavra.

​Por que tenho a impressão de estar diante de uma “obra” quando vejo uma datada e penso em nomeá-la de “trabalho de arte” quando estou diante de uma criação nova (recente)?

Por que ora vejo a coisa da “obra-trabalho” ora a sua significação ora o que a semiótica opera? Por que as camadas que a arte contemporânea logra inundam todos os lugares da vida? E como é difícil responder as perguntas num texto regido por uma matéria prensada de gramática, de concordância e de lógica?

​Os textos “dizem” algo, apontam um sentido, mas não a direção “correta”. Como apontá-lo se por si só colocam amarras na interpretação das obras-trabalhos? E se o texto é o tecido que iremos esticar ou amassar ou cortar para enfim nos lançarmos à arte contemporânea (aqui estamos tratando apenas das artes plásticas), como não puxar os fios que nos ligam ao fazer e ao compreender?

O espaço aqui previamente encurtado em sua possível expansão está longe de atingir a força dos rebatimentos contidos nos diversos jogos da experiência da arte contemporânea.

ALINE | 13 julho 2021

VEM AÍ O 6° CIRCUITO ARTE BÚZIOS !