

Assim questões do habitar, do pertencer percorrem seu trabalho. O tempo é um pilar de suas pesquisas assim como a memória e nos últimos anos o som vem se apresentando como uma nova forma de experimentação. A artista foi finalista do Prêmio Mercosul das Artes Visuais Fundação Nacional de Arte – FUNARTE e participou da Siart Bienal 2018 – Bienal Internacional de Arte da Bolívia em La Paz, e da residência artística Echangeur22, que resultou na exposição “Mobilité, Immobilité”, La Chartreusse, Villeneuve-lez-Avignon, França. Suas obras integram o acervo do MAR.
Em 2021 apresentará a individual O SOM DO TEMPO no Paço Imperial do Rio de Janeiro.

O SOM DO TEMPO (parte 13)duração 0:59min
O SOM DO TEMPO (parte 14)duração 0:59minm
O SOM DO TEMPO (parte 20)duração 0:54minm
Por proposições multimídia, Ursula Tautz desenvolve experiências artísticas que buscam perverter o tempo cronológico através de sua contínua transformação, gerando novas memórias e narrativas. Identidades culturais e históricas são muitas vezes evocadas através do tempo percebido pelo movimento pendular, seja um som, um balanço ou pelos badalos.
Pesquisando as relações que envolvem o habitar, o pertencer, a artista utiliza a (re)significação do espaço para o desenvolvimento de suas questões. As ocupações tendem ao uso da instalação. Destes trabalhos de grandes dimensões derivam estudos, desenhos, fotografias, objetos, vídeos.
Nos últimos anos o som vem se apresentando como uma nova forma de experimentação.

Em 2014, após surgir em vários trabalhos, adotou o balanço como objeto poético.

O balanço é um objeto onde se senta só uma pessoa, sozinha. É um objeto que se move, te joga no espaço, acelera, atravessa o tempo. Não se liga ao chão, não enraíza e oferece milhões de pontos de vista.
Então desesperadamente tenta costurá-los, fazendo-os impossíveis de balançar, bordando os desenhos em sua superfície, transformando-os em outros caminhos e lugares.
“Em outra medida, a presença dos balanços nos incita o pensamento das incertezas, do gesto infantil, do momento em que não se controla o corpo, mas, se aceita o risco, o torpor. “
Marcelo Campos

O Objeto-balanço resultou em duas pesquisas, do material do qual é feito o balanço – a madeira e mais especificamente a rádica (uma fatia de raiz de árvore), e do movimento pendular que conta o tempo – o badalo de sino.
O SOM DO TEMPO é uma instalação de badalos de sinos quebrados de dimensões variadas presos às paredes do espaço expositivo, alguns tensionados por esticadores, outros pendurados e alguns fixados na terra.
Logo abaixo dos badalos ergue-se uma pirâmide com 1,80m (ou 7 palmos) de terra negra e 50kg de areia dourada, soterrando uma cadeira de alto espaldar.

O SOM DO TEMPO (parte 19) duração 1:04min
Pela instalação são exibidos quatro vídeos de 7 horas cada. Cada vídeo traz uma memória a partir da constituição familiar da artista como um microcosmo étnico do povo brasileiro:
A memória ouvida e testemunhada: da avó alemã. A memória apropriada construída através dos outros: da avó manauara, que a artista desconhece. E a memória do transe, do delírio
A instalação transborda as paredes do espaço expositivo quando é ativado pelo som da cidade: todos estes vídeos estão sincronizados aos sinos das igrejas no entorno, a cada hora quando soam os sinos das igrejas ao redor as imagens congelam e emudecem, e às 12:00 hrs. e às 18:00hrs., quando a Ave-Maria é entoada, as imagens e o som se apagam, deixando o espectador frente ao gigantesco aterramento.

O primeiro vídeo apresenta trechos do longa No Paiz das Amazonas de 1921. Produzido por Silvino Santos, primeiro fotógrafo e cinegrafista brasileiro a captar na primeira metade do século 20 importantes e controversos registros visuais da Amazônia. Construindo uma realidade encomendada, o cineasta, ligado às elites locais de comerciantes e governantes, retratou a continuidade da política de colonização do Brasil. Mesmo ignorando questões como o extermínio étnico dos indígenas vistos como entraves ao progresso, Silvino traz imagens da vasta exploração da natureza da região e da mão-de-obra local.O longa, visto hoje como um filme político, foi apropriado e editado pela artista, intercalando seus trechos com imagens de vídeos de outros artistas. Imagens reais e oníricas se misturam num devaneio.
Parte 1 duração de 0:44min
Seu som, traz o trabalho do artista de Hong Kong, Samson Young, produzido através do prêmio Art Bazel BMW, veiculado na Radio Documenta 14, com sinos de 11 países por onde viajou. Uma memória apropriada, construída através do olhar dos outros.
Parte 2 duração de 1:15min
O Segundo vídeo apresenta a viagem à Ullersdorf an der Biele1 e de sua mãe 20 anos antes. Uma história ouvida e vivida, mas que permanece congelada num tempo romântico.
Parte 3 duração de 0:58min
Dois destes vídeos apresentam um pequeno estábulo de animais na Polônia com o teto formado por abóbodas, onde andorinhas fizeram seus ninhos. Os vídeos são idênticos, porém um corre em câmera lenta. Imagens de uma memória de transe e delírio.
Parte 4 duração de 0:46min
… através do badalar dos sinos do Centro da cidade, sincronizar e relacionar as memórias de sua história pessoal à memória histórica de colonização do País, a artista perverte o tempo cronológico, atualizando e questionando a “evolução” dos projetos de progresso e desenvolvimento adotados.
Parte 5 duração de 0:58min
fotografia manipulada digitalmente e impressa com pigmentos minerais sobre papel photo matte
33cm x 200cm
3 edições + P. A.
coleção da artista
O Curador Marcelo Campos em 2015 escreve sobre a artista:
”Ursula Tautz vem desenvolvendo experiências artísticas vivamente interessada nos conceitos de memória e narrativa. Os trabalhos apresentados em distintos meios e categorias, tais como objetos, filmes, desenhos tornam-se componentes para a ocupação dos espaços tendendo ao uso da instalação. Em certos caminhos, Ursula pensa a história dos lugares e projeta-se sobre as mesmas. Assim, vemos a artista se relacionar com a paisagem, de lugares estrangeiros, mas que são de algum modo, parte de uma história familiar, ainda que tais histórias venham configurar uma memória pessoal não vivida, mas, sim, transmitida pela oralidade de seus ancestrais”.
Ursula Tautz é uma artista múltipla e densa
visitem seu site www.ursulatautz.com
Todo o material escrito e fotográfico foi pesquisado no seu site.
ACERVO DE VÍDEOS SOBRE A ARTISTA
Parte 1 https://youtu.be/pdv5Po48Zak
Parte 2 https://youtu.be/qe4Oy6i7BzM
Parte 3 https://youtu.be/BiyHnB7UGfY
Parte 4 https://youtu.be/7TXJf0Jkyu4
Parte 5 https://youtu.be/T9Wojhq43ic
Parte 6 https://youtu.be/MqL-lK5vP38
Parte 7 https://youtu.be/Bimi_j4EzaM
Parte 8 https://youtu.be/RbMl09oqMYw
Parte 9 https://youtu.be/ETzfsv8tG5U
Parte 10 https://youtu.be/sqcW9uz87_Q
Parte 11 https://youtu.be/Qzq7Uxi0wt0
Parte 12 https://youtu.be/UHK7mfY2U4w
Parte 13https://youtu.be/BJLQcCCk7Ls
Parte 14 https://youtu.be/FJsECmOy0po
Parte 15 https://youtu.be/Y8lByxixiI8
Parte 16 https://youtu.be/AioDThe0Ezw
Parte 17 https://youtu.be/Qr6YDFePrDE
Parte 18 https://youtu.be/ZSFB3VlYhzk
Parte 19 https://youtu.be/kaW2IPvJPtA
Parte 20 https://youtu.be/ig_2KUuG0mY


O SOM DO TEMPO me engendrou de tal maneira que agora não vejo o momento de estar no Paço Imperial diante dessa instalação impactante.