BLOG – Fale um pouco sobre seu trabalho…

Uma leyca de 1960 foi meu primeiro amor.

Sempre fui fascinada por fotografia.
Eu nasci e cresci no Rio de Janeiro, mais precisamente em Ipanema, quando a vida era doce, e a “garota de Ipanema” e todo aquele samba / jazz estava sendo cantado mundo a fora …
Mais tarde, escolhendo a Europa como base de trabalho, mergulhei em um requintado caldeirão cultural, e viajei incessantemente, absorvendo tudo que pude e garantindo meu perfil de amante da liberdade, facilmente reconhecido em meu trabalho.
Dois livros, muitas exposições e um convite para filmar na África.
Nasceu então o “ALMA”.

BLOG – Fale sobre seu trabalho fotográfico na África?

A ideia de fotografar a alma de Angola foi absolutamente emocionante, um grande desafio entrelaçado com sentimentos mistos desde preocupações com segurança, malária, aceitação racial, instalações de saúde em caso de emergência … até perguntas como “E se algo der errado com o equipamento?” … “Quão bem sucedida seria ao fotografar peles mais escuras?”… “Como gerir a luz uma vez que o céu em Luanda está sempre nublado?”

Eu não gosto de planejar minhas filmagens. Lanço os dados e jogo com a energia do momento. Adoro me misturar, envolver, trocar emoções e deixar a história acontecer …
Intensidade e intimidade são minhas motivações. Apaixono-me pelos retratos…
Depois de uma reunião na sede da The Bridge Global em Luanda, meu plano de viagem foi definido e colocado em prática. Em poucos dias, pegamos um avião para Saurino.

Pela savana, horas dali, em um vilarejo remoto, conheci essa mulher fantástica com sua filha, uma enxada e sua lavra – um pedaço de terra de onde ela arranca sua vida.


Forte, frontal, magnânima, com dignidade e orgulho transbordantes, mal sobrevivendo e ainda assim feliz, essa mulher resgatou o melhor de mim.

Todas as minhas preocupações perderam o sentido.

Minha lente favorita é uma 18 200 nikkor, pois é extremamente versátil, e como me considero principalmente uma fotógrafa de retratos, preciso estar a uma distância considerável para não afetar a espontaneidade da cena.


Na Chiweca, uma menina brinca com uma galinha e outra com um bebê.
Desprovidas de conforto e bens materiais, elas só podem agarrar- se ao que sai das entranhas. Doces, amáveis e afetuosas, essas mães de tenra idade exibem seus filhos como troféus.
E todas pedem retratos …

Não tirei uma única foto meses depois que os deixei para trás.