‘VÉXOA : NÓS SABEMOS‘



Até 22 de março
Com 115 anos de existência, nossa amada Pinacoteca de São Paulo ganhou pela primeira vez uma exposição completamente dedicada à produção artística indígena contemporânea! “Véxoa: Nós Sabemos” exibe o trabalho de 23 artistas/coletivos de diferentes cantos do país e pode ser conferida até 22 de março de 2021.
A mostra é grátis e pode ser visitada de quarta a segunda-feira, das 10h às 18h. É necessário agendar a visita por este site. Também vale mencionar que a bilheteria da exposição “OSGEMEOS: Segredos” funciona separadamente, ou seja, para ver as duas mostras é preciso retirar/comprar os ingressos de cada uma delas.
Com curadoria da pesquisadora indígena Naine Terena, a exposição ocupa três novas salas para exposições temporárias na Pinacoteca e reúne pinturas, esculturas, objetos, vídeos, fotografias, instalações, além de uma série de ativações realizadas por diversos grupos indígenas.
O projeto é um marco de representatividade na Pina, pois a instituição incorporou a seu acervo obras feitas por artistas indígenas apenas em 2019!
Além disso, a iniciativa é resultado de um diálogo ativo que aconteceu nos últimos anos entre o museu e os artistas de várias etnias indígenas em torno de um debate sobre a história da arte que o museu pretende contar e as narrativas com menor destaque.

Jaider Esbell, da etnia Macuxi, idealizou um painel de lona de 2 metros intitulado “Árvore de Todos os Sabores”, que, desde 2013, vem sendo construído coletivamente por indígenas do Brasil, da Bolívia, da Colômbia, do Equador, do Peru, dos Estado Unidos e do México.
Os trabalhos selecionados pela curadora da mostra revelam, a partir de diferentes técnicas, linguagens e suportes, a pluralidade da produção artística indígena contemporânea e desmistifica a ideia reducionista e preconceituosa de que esses povos só produziriam artesanato ou artefatos.
Uma das presenças marcantes em “Véxoa: Nós Sabemos” são obras do filósofo, escritor, poeta, artista plástico e ambientalista Ailton Krenak, um dos mais importantes pensadores indígenas brasileiros nos dias de hoje.
A mostra tem pinturas, esculturas, objetos, vídeos, fotografias e instalações
Entre as pinturas, um dos destaques é o trabalho do Coletivo Huni kui Mahku, formado por artistas plásticos do Acre, que criam murais a partir da vivência de diferentes lugares.

Ele também apresenta quatro vídeos que discutem temas como o neoxamanismo; a mercantilização dos saberes dos povos originários; uma denúncia aos ataques a seus parentes indígenas Macuxi; e a inserção de uma nova geração de indígenas no universo das tecnologias digitais para registrar as memórias e suas experiências nos dias de hoje.
Outra forte tendência da mostra “Véxoa: Nós Sabemos” são as produções de “etnomídia indígena”, nas quais ferramentas de mídia são utilizadas pelos próprios povos, gerando autonomia, representatividade e pluralidade dos discursos. Destacam-se os trabalhos de Olinda Muniz Tupinambá (Bahia), o Coletivo Ascuri (Mato Grosso do Sul), Anapuaká Tupinambá (Bahia) e Edgar Correa Kanaykõ (Minas Gerais).
Já a instalação de Denilson Baniwa, da aldeia Darí, no Amazonas, reúne vestígios do incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro, em uma referência à destruição da cultura material indígena ali preservada.


