Você consegue ver ?

“ O Anjo que morreu na praia”

 Quem tirou a foto  diz que aí estão a asa, a perna, a bunda, os braços, mão e cabeça do anjo. Uma vez identificados, na sua mente, estes itens você  nunca mais olhará para esta foto do  tronco da mesma forma.

É uma obra de arte?  A pequena árvore estava na frente de uma falésia e portanto caiu. Ficou soterrada por um tempo, secou na água do mar e na maré super baixa apareceu. 

Passou alguém que ficou  olhando maravilhado a raíz e resolveu tirar várias fotos.   Um centímetro abaixo ou acima sumia tudo mas, naquele momento, naquele ângulo a foto mostrou o  anjo.

Fotografia de Afonso D’Avila Magalhães em Manguinhos, Búzios

 Fazer arte  é sair do lugar, pular da caixa, buscar inspiração onde se está, seja onde for.

Se o resultado for para  compartilhar com todos , é uma coisa, se é para acabar ali, pode ser outra coisa.

 Bem, se fizer tudo direito para a arte não conta tanto, mas se fizer direito de uma forma diferente apontando mais alguma coisa, já é outra história. 

A arte abstrata mexe muito com este conceito de formas criadas em sua mente. Cores associadas a sua vida que te chamam para ficar olhando e olhando e olhando. O artista não te conhece mas aquelas formas, aquelas cores fazem parte de você.

É como a foto. Podia ser só do mar, podia ser só da areia, podia passar indiferente ao tronco mas isto não aconteceu. Eu viajei e te convidei para o passeio.

AFONSO D’AVILA MAGALHÃES (fevereiro 2021)