Regime de inteligibilidade

Pavimentar um rumo na Arte Contemporânea sem que ele seja previamente dado é possível? No horizonte das discussões de Rancière, em O Mal-estar da Estética, os filósofos não criaram a estética e tampouco reconfiguraram a maneira com a qual a história se desenrolou, mas elaboraram o regime de inteligibilidade no esteio do qual o regime da visibilidade foi pensado, através dos conceitos, das injunções com a ética ecom a política. E mais, ao isolarem como objetos de estudo, fizeram desaparecer ou mesmo “rasgar” o originário da experiência.

Dan Graham

​Não há dúvida que o mal-estar estaria no fato dos filósofos terem se metido no meio de coisas que nunca puderam compreender por que não estavam no ateliê para vivenciá-las. Até a escolha da palavra regime já é banderosa. Quase todos os autores sempre dialogam de Hegel para cá, Marx, os marxistas e os marxianos, pelo menos no campo da arte, então é estudar!

Escolher entre “terminar” um trabalho naquele momento ou continuar continuar e transformá-lo. Para longe da dicotomia sensível versus inteligível, de mental aceitação cartesiana, vige no fazer decisões que alteram significativamente o caminho da feitura do trabalho de arte.

Daniel Buren

Fora lidar com a sombra da história da arte, do que já foi feito, do que é inaceitável, do que produz erro mesmo, amadurecendo para seguir em um caminho potente, aliada a uma poética, produzindo um novo lugar para habitar. Não é só pincelada, nem somente cor, mas suporte, forma de exibição, diálogo com antecessores, arredondando, colocando ponta, diagonal, indo em direção à geometria, saindo dela, pegando vestígios da cultura brasileira, pipoca, cadeira de praia, cozinhando.

Lawrence Weiner

Se indo em direção ao niilismo europeizado, site especif ou se produzindo diferença na contramão das galerias, tudo é significativo na arte contemporânea e aliás foi sempre assim, nas artes dos séculos passados.

ALINE REIS | 1 agosto 2023