
Coluna vertebral
Minha coluna que não é vertebral, mas me dá um sustento incrível nas pesquisas que faço. Penso alto aqui e vocês são os meus interlocutores. Fico no aguardo de sugestões e dúvidas. Fora esse silêncio, inclusive ensurdecedor do circuito com todos aqueles que não fazem parte dos Olimpianos, a vida anda sempre movimentada.

Burilar textos e curadorias, esbarra sempre nas noções que precisamos mobilizar e nas direções que vamos nos permitindo tomar. Nada mais aparente que a vaidade pessoal e a briga política são as molas mestres do processo. Celebram-se uns, ficam no anonimato outros. Os lugares de fala fazem parte da roda que vai girar. A mão do crupiê é o Capital e os agentes do mercado. A academia também tem seus dedos envolvidos em apontar quem pode ou não.
Uma pesquisa parte de inquietações, problematizar de forma clara e entender quais são as etapas exigidas no processo de feitura supõe compreender que leituras estarão entrelaçadas, que referencial teórico será empreendido e muito mais que isso, compreender uma certa historiografia.
Há contaminações por linhas de leitura/ escrita e imagens que perfazem uma grande colagem em sobre justaposições, assim como há expressões como “escolher”, “decidir”, “se livrar de” que ocupam o lugar de explicações que possam dar conta de uma reconstrução racional e tudo isso conduz a encruzilhadas.

Tomados os apelos do trabalho de arte que vão se alinhando ao meu material (palheta teórica) no qual o artista tece os caminhos e os métodos, sem me furtar deassinalar os obstáculos encontrados, é possível partir disso e alcançar a história da arte, não academizando, mas relacionando com o “objeto” (nem sempre um objeto) exposto.
É uma das formas possíveis, entre muitas, portanto falar o que é arte não é a melhor abordagem e sim o que podemos mobilizar quando tratamos com a arte contemporânea.
ALINE REIS | 4 julho 2023
