
Roda das vaidades
A disputa pela discursividade no circuito de arte é algo a ser levado em consideração. Não no sentido mais tolo do senso comum, mas no âmago da ideia de ensejar competência técnica, “inovação”, construção e pavimentação de novos caminhos a serem traçados. Uma vez perguntei a um curador o porquê de o artista usar uma samambaia no trabalho de arte. Um parêntesis: tomara que não tenha me repetido aqui no exemplo. A resposta veio na palavra maneirismo.

Como o artista em questão mora fora do Brasil e está num outro circuito de relações, algumas hipóteses me apareceram… Vejo que amigas artistas que moram fora, mais precisamente, uma na Itália e outra na Espanha, me falam sempre sobre outras geometrias que privilegiam diferentes referenciais históricos da arte em relação ao que temos aqui no Rio e no Brasil.
A roda gira devagar e as vaidades são mecanismos de controle social. Muitos dizem que os galeristas graúdos não são tão versados assim, embora detenham o poder de dizer o que é bom, o que vale, o que é canônico. Mas, o mercado é uma dessas pontas da toalha de mesa. Há outras. Difícil de explicar a um leigo porque determinados artistas esnobam o caminho da venda e da legitimação entendendo que para fazer arte não é preciso nada disso. Tem grupos que vivem para um fazer que se desvincula totalmente da visibilidade do sistema (hoje na figura das redes sociais).

Mas, precisamos falar sobre isso. Autorreferencia, associações de poder, conchavo. Excluir é delimitar, impor as cabeças premiadas prêmios que são escolhidos por amizade ou interesse. Sabe se lá. Os alijados desejosos de entrar nesses círculos exclusivos ficam ressentidos, alguns esnobam, outros dizem não se importar. Mais ainda, não endossam essa perspectiva, mas o que fica é a certeza de que isso existe!
ALINE REIS | 7 março 2023

