Na Gallerie dell′Accademia e Palazzo Manfrin, que o artista adquiriu recentemente, uma retrospectiva fora da Bienal mostra as diversas almas de Kapoor, do espelho às obras Vantablack, a pinturas que parecem carne.
Entre as exposições em Veneza em conjunto com a Bienal de 2022, também abriu a grande retrospectiva dedicada a Anish Kapoor, com curadoria do diretor do Rijkmuseum Taco Dibbits, que coleta obras do artista da década de 1980 para peças feitas nos últimos meses. Uma exposição dupla que visa mostrar “toda a gama visionária da prática de Kapoor”, localizada no Palazzo Manfrin reaberto e na Gallerie dell’Accademia.
Aqui, ao lado de algumas das mais célebres obras-primas da pintura veneziana, o trabalho mais divulgado – certamente o mais Instagram – da exposição está em exibição. É Shooting Into the Corner, a instalação na qual um canhão especial, criado por Kapoor junto com uma equipe de engenheiros em 2008, dispara balas de cera vermelha de 11 quilos cada. O resultado é uma longa faixa de matéria vermelha esmagada no chão e nas paredes que invade uma grande parte da sala principal da exposição. O canhão, visível através de uma abertura na parede, é apontado diretamente para o visitante quando ele entra na exposição. Parece a cena de um massacre. Inevitavelmente, está ligado à guerra na Ucrânia, o convidado de pedra de toda esta Bienal, embora não haja conexão explícita. O trabalho, que remonta ao final dos anos, é amplificado pelos eventos atuais, provavelmente é o certo para o momento histórico, mas com sua superexposição também corre o risco de diminuir o valor geral da exposição, escondendo o resto. “Kapoor cria obras que são realizadas no momento em que as experimentamos”, explica o curador Taco Dibbits. “Tais obras existem em um crescimento contínuo; somos chamados como testemunhas desses objetos por um único momento no decorrer de sua geração ou degeneração.”
ANISH KAPOOR
