Intencionalidade pedagógica

Desenvendar o horizonte estético aos alunos é uma das diretrizes contidas no Programa Curricular Nacional, em virtude da promoção do fazer artístico ser um fator humanizador, cultural e histórico. Os alunos não só fruem os trabalhos de arte nas imagens dos livros didáticos, nos sites pela internet e na visita aos museus, como devem realizar atividades artísticas que possibilitem compreender o fazer artístico, empreendendo uma nova aventura cognitiva e da sensível na busca por outros significados.

​A arte não só produz deslumbramento mas problematiza o seu lugar na sociedade. Um artista que tensionou as relações entre arte contemporânea, pedagogia, cidadania e ecologia, foi Joseph Beuys. Na instalação feita na Documenta de Kassel, em 1982, na Alemanha, ele “propôs um plano para plantar 7.000 carvalhos em toda a cidade de Kassel, cada um emparelhado com uma pedra de basalto. As 7.000 pedras foram empilhadas no gramado em frente ao Museu Fridericianum com a ideia de que a pilha encolheria toda vez que uma árvore fosse plantada. O projeto, visto localmente como um gesto de renovação urbana verde, levou cinco anos para ser concluído e se espalhou para outras cidades ao redor do mundo.”(https://www.tate.org.uk/art/artworks/beuys-7000-oak-trees-ar00745 ) 

Com isso podemos entender que a paisagem não está apenas “dentro” da pintura, mas pode estar fora dela, jogada no mundo da vida. A arte conceitual extrapolou os limites históricos impostos e mostrou que uma ideia também é arte, portanto o campo ampliado no qual o artista atua revela a sua atuação como cidadão no mundo e tenciona o espaço do mundo como um lugar também da arte.

Famosa é a frase de Oiticica: “O museu é o mundo”. O borrramento das fronteiras é um sintoma da arte contemporânea. Tal visualidade integra o design e as redes sociais. Até para vender é preciso sofisticação intelectual e repertório.

ALINE REIS | 28 junho 202