
Metafísica
Metafísica da ausência ou metafísica da presença? Não importa, ainda metafísica! Se Deleuze e Guattari atribuem outros componentes a plenitude de uma obra estética, como o ar, o vazio, o neutro, conceitos que já visitados por Bachelard, Barthes, Bergson, Derrida e outros, a pergunta então seria muito mais: se a “origem” dessas apreensões se dão por tradição (e leitura dos estóicos) ou se devo partir de algum ponto dessa curva e não necessariamente na origem que a constituiu.
Recentemente assisti um psi interpretando o desejo do próprio “homem”como um anteparo anterior à pergunta fundamental (“Por que existe o ente e não antes o nada?”). Partir de um determinado lugar precisa estar explícito quando dotamos a discussão de inteligibilidade.
Um falso problema ainda assim pode ser um problema. Historiograficamente é possível refazer tais lacunas que foram preenchidas com novos enganos. Não que o engano seja mal e induza ao erro, na arte pelo contrário, qualquer caminho que se abra e passe a se constituir, já será como um outro naco de nada e dá “pano para manga”.
Eu vejo que tudo o que sai nesse extenso horizonte de teoria – crítica-curadoria, sigo seus rastros, observo qualquer visada do passado no porvir e as inquietudes são muitas e tomam várias formas distintas, embora ainda vejatemáticas como a autonomia da arte figurarem em contextos expressivos de textos. O edifício teórico ainda tem subido nas coxas de determinados autores do modernismo.
Seria o reagrupamento ou as reordenações de variáveis a solução para novos horizontes? O mundo histórico contém algo de inapreensível. O que surge, quando insurge, passa a ser quase uma regra. O tema da identidade já estava no século XIX e agora figura como verdade incontestável. Todes sabemos que a linguagem é histórica, feita a cada dia e incorpora o “espírito do tempo”, mesmo assim ainda persiste o espanto de alguns.
ALINE REIS | 18 janeiro 2022

