Muitos mundos da Arte

​Muitos são os mundos da arte contemporânea, portanto dar conta de todos os caminhos possíveis é uma empreitada e tanto! É claro que tenho como fio condutor a costura visível do tempo histórico que perpassa os vários modos com os quais a arte contemporânea desfila.

Um mundo sem chão parece ser o lugar menos provável para estender o tapete por sob a plataforma dos trabalhos de arte e do pensamento. Seria onada constitutivo do nosso mundo ou estaríamos envoltos numa névoa na qual “a desmaterialização, o vazio, o intemporal, o conceitual, o contextual, o virtual, a interface etc., até o ciberespaço¹ estariam norteando as escolhas pelas nossas visualidades?

​Não procuro fundamento, nem tão pouco hipóteses para explicar e compor as várias visualidades existentes. Como pensar é pensar historicamente e dialogar é estar diante de um outro, construir inteligibilidade sobre o quer que seja fazer surgir alguns pontos que podem estar alinhados ou não ao pensamento dominante. 

Pensar com o pensamento do outro (os vários pesquisadores, os artistas e os filósofos) faz sentido porque amplia um pensamento de coleção. Climatizar uma discussão com o que já foi escrito sobre ela é chamar os pares a sentar junto. Nunca para celebrar o já dito, mas para fazer surgir outros novos contextos…

Quando nos aproximamos da arte contemporânea a partir da leitura dos teóricos todo um conjunto de posições prévias, a princípio inquestionadas, vem à tona imediatamente. Não nos desfazemos da tradição, nem de nossos modos de compreensão já estão pré-determinados, portanto colocar para jogo todo o campo que estamos imersos pode ser uma tarefa bem difícil. Equilibrar-se no abismo.

ALINE REIS | 2 Novembro 2021