
Armação dos Búzios, 25 de Janeiro 2021
Imagine passar todos os dias pelos mesmos caminhos indo para o trabalho. Os pontos de referência estão na memória e a maioria das pessoas começa mentalmente a trabalhar ainda no trajeto. Infelizmente chegam muito antes de lá estarem e perdem muita coisa pelo caminho.
O mundo vive um momento de fragilidade, estamos reavaliando nossa a existência dado que tudo saiu do controle. Não somos perenes, isto está claro!
Use desta fragilidade e comemore estar vivo durante seus trajetos.
Tente fazer diferente: olhe para onde antes não olhava, relaxe e não foque no depois e sim no aqui e agora.
Veja as cores e as formas nas construções do caminho. Observe as pessoas que antes você nem via, olhe através de suas máscaras e tente imaginar se sorriem, choram, ou reclamam.

Bisbilhote olhando discretamente para dentro das janelas e portas abertas pelo trajeto. Cada casa mostra muito de seus donos, seja pela planta tomando sol na janela, o quadro grande na parede, ou até por seu gato no parapeito fingindo que te ignora.
Este é o olhar do artista. Tudo o que foi absorvido no caminho se reflete em seu trabalho, seja na tela, na poesia, na música.
Onde quer que o ser humano fale da beleza da existência vai estar o seu simples cotidiano potencializado por algumas mentes observadoras e criativas.
Veja o mundo com mais arte, compre arte, crie seu espaço. Seja a sua melhor parte.
AFONSO D’AVILA
ARTISTA VISUAL
Texto apresentado em “Narrativas Individuais” da Contemporâneos Galeria de Arte
