MAM Rio abre exposição ‘A memória é uma invenção’, que propõe reflexões sobre os processos de criação de acervos

Por Redação CRIO.ART

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro abrirá, no dia 4 de setembro de 2021, a exposição ‘A memória é uma invenção’, como parte do projeto ‘Legados vivos’, desenvolvido com o apoio do Instituto Cultural Vale. Sob a curadoria de Beatriz Lemos, Keyna Eleison e Pablo Lafuente, a mostra reúne cerca de 300 obras provenientes do acervo do MAM Rio e de outras duas instituições: o Museu de Arte Negra/IPEAFRO, associação sediada no Rio de Janeiro, responsável pelo legado de Abdias Nascimento; e o Acervo da Laje, dedicado à memória artística, cultural e de pesquisa sobre o Subúrbio Ferroviário de Salvador, fundado em 2011.

Com pinturas, gravuras, esculturas, fotografias e azulejos, a exposição reflete sobre os processos de construção de patrimônio, legado e cultura comum, ao apresentar no mesmo espaço expositivo os três acervos de arte com diferentes histórias, dinâmicas e projetos. Reunidas, as coleções mostram repetições e semelhanças nas escolhas de categorias e formatos, nos entendimentos do que faz uma obra ser conservada como parte de um legado e nos métodos de compartilhamento das obras como parte de uma memória coletiva.

Vindos do acervo do Museu de Arte Negra/IPEAFRO, trabalhos de Abdias Nascimento, Heitor dos Prazeres, Carlos Scliar, Gerson de Souza e Chico Tabibuia, entre outros, estabelecem relações de convergência com obras de Adilson Paciência, Zaca Oliveira e Indiano Carioca, artistas que fazem parte do Acervo da Laje. As duas coleções dividem espaço com peças de Anita Malfatti, Inimá de Paula, Lucio Fontana, Maria Leontina e Yara Tupinambá, do acervo do MAM Rio.

Para Lafuente, diretor artístico do museu carioca, A memória é uma invenção pretende provocar reflexões sobre a construção da história e suas narrativas, suas inclusões e exclusões, ao mesmo tempo em que propõe um exercício de imaginação: “Esta exposição é um desafio a inventar outras configurações do comum desde a instituição. Ela inaugura uma maneira de repensar patrimônio e memória. Um caminho que, longe de compensar as violências do passado, acredita em outras formas de criar memórias que inspirem múltiplas possibilidades de vida no presente e no futuro”.

Compõe o projeto de troca institucional entre o MAM Rio e o Instituto Cultural Vale, o ciclo de conversas Cenas de Cultura Imaterial, iniciado em julho e realizado em parceria com o Centro Cultural Vale Maranhão. Em paralelo à exposição, as conversas permitem pensar a cultura a partir de paradigmas mais complexos e constituem um horizonte para conceber novas possibilidades e questionar os limites das instituições culturais, incluindo os museus.

“Esperamos que os movimentos de reflexão provocados nas nossas trocas com o MAM Rio permaneçam nos novos diálogos e práticas entre os espaços culturais e nas relações com os diversos públicos que pensam e fazem arte, cultura e educação no Maranhão, no Rio de Janeiro, no Brasil e no mundo”, afirma Hugo Barreto, diretor presidente do Instituto Cultural Vale.

Com o intuito de suscitar diálogos sobre os processos de construção de patrimônio, a mostra gera uma publicação de mesmo título, com 200 páginas, a ser lançada em dezembro. O MAM Rio convidou pesquisadores do Sul Global a comentar diferentes perspectivas de memória em resposta à exposição, expandindo seu conceito. A publicação refletirá acerca de como a história e o patrimônio estão representados nas coleções e sobre como a memória múltipla e as transversalidades nos unem a partir das diferenças.

“Este projeto trata de legitimidade e invisibilidade, presenças e ausências, bem como de apagamentos de certos acervos constituídos por artistas periféricos, racializados e de fora do eixo econômico do país”, analisa Beatriz Lemos, curadora do MAM Rio.

Sobre os três acervos

MAM Rio 

Com mais de 70 anos de história, o acervo do MAM Rio é considerado uma das coleções de arte moderna e contemporânea mais importantes do país. Em 1978, com aproximadamente 1.000 itens salvaguardados, um incêndio consome parte dessa coleção. Hoje, o acervo é formado por 7.137 obras e reúne importantes nomes da produção artística nacional e internacional.

www.mam.rio

Acervo da Laje 

O Acervo da Laje é uma casa-museu-escola criada por Vilma Santos e José Eduardo Ferreira Santos em 2011 em Salvador (BA). Dividido em duas casas, o projeto fica localizado no bairro de São João do Cabrito, perto da antiga região conhecida como Novos Alagados, e resguarda um acervo de obras de artistas e acervos de livros raros, CDs, fotografias e diversos materiais, evidenciando a história ancestral do Subúrbio Ferroviário de Salvador.
https://www.acervodalaje.com.br/

“A exposição A memória é uma invenção é um assombro por trazer a força de um museu casa-escola da periferia de Salvador e apresentar poéticas que nunca foram expostas fora da Bahia”, celebra o fundador José Eduardo.

Museu de Arte Negra/IPEAFRO

O Museu de Arte Negra é um acervo de obras reunidas por Abdias Nascimento a partir de 1950, como continuação do trabalho que desenvolveu por meio do Teatro Experimental do Negro com cultura negra enraizada nas tradições de origem africana. O acervo é responsabilidade do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-brasileiros (IPEAFRO), dirigido por Elisa Larkin Nascimento e dedicado à preservação e divulgação da cultura negra no país desde 1981 com projetos de educação, pesquisa, documentação e outros.

http://ipeafro.org.br/

“A exposição traz ao prestigioso espaço do MAM Rio acervos marginalizados, como o do Museu de Arte Negra, sob a guarda do IPEAFRO. O acervo é resultado do trabalho de Abdias Nascimento e seus parceiros do Teatro Experimental do Negro, na interlocução com artistas brasileiros sobre o tema da arte negra e seu papel na constituição da própria arte moderna. Assim, reúne trabalhos de renomados artistas com outros, pouco conhecidos, apresentando grande diversidade de temas e técnicas. Tendo sua origem numa resolução do 1º Congresso do Negro Brasileiro, a coleção foi solenemente ignorada pelo mundo das artes até o momento. Com esta iniciativa, o MAM Rio impulsiona um amplo movimento de valorização de artistas invisibilizados pela cultura hegemônica, que julga a arte negra como coisa de artesãos primitivos e ingênuos”, diz Elisa Larkin Nascimento.

Sobre o projeto Legados vivos

O projeto Legados vivos, uma realização do MAM Rio e com patrocínio do Instituto Cultural Vale, dedica-se a refletir sobre os processos de construção de patrimônio e cultura comum, contemplando um ciclo de conversas públicas e uma mostra de cinema, além da exposição A memória é uma invenção, que publicação organizada pelo museu.

A programação foi aberta em julho deste ano, com o ciclo de conversas on-line “Cenas da cultura imaterial” que, até outubro, reúne mensalmente pessoas ligadas a práticas de cultura popular e tradicional do Rio de Janeiro, do Maranhão e de outras regiões do Brasil. Em colaboração com o Centro Cultural Vale Maranhão, de São Luís, o ciclo discute saberes relacionados ao ato cênico – canto, ritmo, instrumento e indumentária – em formas de expressão pertencentes a tradições e contextos regionais, racializados, populares e periféricos.

Completa o projeto uma mostra de cinema on-line, no Vimeo do MAM Rio, com curadoria de Beatriz Lemos, Gabriel Gutierrez e José Quental. A ser aberta em novembro, apresentará filmes sobre práticas culturais populares, tradicionais e periféricas.

Sobre o MAM Rio

O MAM Rio é uma instituição cultural constituída como uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos, apoiada por pessoas físicas e por empresas, que tem atualmente como parceiro estratégico o Instituto Cultural Vale e como patrocinadores master o Grupo PetraGold, a Petrobras e a Ternium.

Desde janeiro de 2020, a nova gestão do MAM Rio deu início a um processo de profunda transformação institucional, envolvendo novas ideias, novos fluxos de trabalho e novas atitudes. As ações deste processo buscam coerência com o projeto original do museu, pautado pelo tripé arte-educação-cultura. Um movimento de potencialização das ações já realizadas no museu, em consonância com seu histórico, e de acolhimento de todos que desfrutaram da efervescência dos diversos espaços do MAM Rio, incluindo públicos que nunca visitaram a instituição

Serviço:

A memória é uma invenção
Abertura: 04 de setembro de 2021
Encerramento: 09 de janeiro de 2022

MAM Rio

End: Av. Infante Dom Henrique, 85
Aterro do Flamengo – Rio de Janeiro
Tel: (21) 3883-5600
https://www.mam.rio/
Instagram: @mam.rio

Horários:

Quintas e sextas, das 13h às 18h
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h

Ingressos:

Contribuição sugerida, com opção de acesso gratuito
Valores sugeridos:
Adultos: R$ 20

Crianças, estudantes e +60: R$ 10
Ingressos on-line: www.mam.rio/ingressos

Patrocinadores do MAM Rio
Parceria estratégica: Instituto Cultural Vale
Patrocínio master: Grupo PetraGold, Petrobras e Ternium