Intercâmbio entre campos

Tenho me beneficiado do intercâmbio entre os vários campos que venho pesquisando para dar aulas particulares. Foi me abrindo um vasto repertório de ligações e distanciamentos. As relações entre os conceitos, o surgimento histórico e o porquê da história foi me dando um horizonte de metodologia para trabalhar.

Lia do Rio

Surpresas do cotidiano são interessantes também… quando me filha me pediu para levar algum trabalho meu para uma aula sobre arte contemporânea na escola. O que escolher? Me dei conta do limiar que há entre os objetos que ainda guardam processos modernos (inclusive a própria ideia – palavra objeto)e a apresentação em moldura, passe-partout..

Aline Reis, “Fixo só o prego”, em 2019, no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto,

​Aliás abrindo um parêntese sobre o paspatur ou passe-partout podemos dizer que: a função técnica de não permitir o contato físico do vidro com a imagem impressa, por só isso já diz muito de um lá que hoje está muito longe de ser “verdadeiro” no nosso cá contemporâneo, a garantia de durabilidade de seu impresso, elegância na montagem e conservação da imagem costumam fazer com que o circuito associe ao gesto burguês, aí a problematização assume contornos políticos e o afastamento de cerca de 1,5 mm permite uma camada de ar protetora fundamental para a conservação da peça a longo prazo, fato anacrônico em relação ao conceito de desmaterialização da arte.

Não podemos dissociar o lugar que ocupa o trabalho, o tempo e o corpo nele vinculados e nem mesmo as longas caminhadas em torno do mundo histórico com as quais os artistas estão “prenches” de sentido tecendo suas visualidades. Tenho uma certa preguiça de inventariar o todo quando das partes vive o circuito. Avaliar em porções tanto está mais próximo da produção das diferenças quanto é de indicativo do pensamento francês. Como das aproximações entre filosofia e arte contemporânea vive esse blog, o rastro tem nomes específicos.

ALINE REIS | 15 novembro 2022